Uma parte de mim morreu, e a outra parte está morrendo.
A sombra da manhã que não chega, arrasta a luz
como se o tempo fosse areia, correndo sem olhar.
Em cada passo, um vestígio do que fui
se dissolve na névoa, enquanto a noite se dissolve em mim.
Os sussurros do passado tornam-se gritos de um presente
que não sei mais reconhecer;
ouço os ecos de um coração que não é mais meu
responder ao vazio que se arrasta,
tenso e cruel.
A dor, essa velha amiga, não se despede,
não há consolo no fim de um dia que não começou,
e a outra parte de mim, a que resta, continua a cair
como folhas secas em um vento que não pode parar.
A esperança se esconde,
tímida, atrás dos muros da minha mente
e cada pensamento, cada lembrança,
é uma maré que arrasta um pouco mais de mim.
Os sonhos, aqueles espelhos distantes,
quebram-se em fragmentos que não posso juntar.
A tristeza se torna uma parte de minha pele,
uma segunda natureza, um corpo que nunca posso abandonar.
Sigo, com uma parte de mim já enterrada
e a outra parte, lentamente se afundando,
em um mar de incertezas que beira o infinito,
onde não há respostas, apenas o silêncio.
A morte, que se esconde em cada esquina,
não me oferece paz, apenas o peso da ausência.
E eu, uma sombra do que fui, continuo a vagar,
perdido entre os restos de um ser que foi e do que está morrendo.
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