Tortura

Eu me entrego à noite cega, 
com as mãos atadas ao nada, 
e os olhos fechados ao espelho, 
onde me perco em busca de mim.

Entre pensamentos, crio mil laços,
enrolo-me neles até sufocar, 
mas volto a desenrolar-me, 
como quem se alimenta da dor.

Há prazer em ferir a alma, 
em rasgar as cicatrizes velhas, 
pois nelas descubro novas formas 
de sentir que estou vivo.

Sigo nessa tortura, 
tão íntima quanto silenciosa, 
onde o corpo grita calado 
e a mente se desfaz em sombras.

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