No mesmo olhar


Na perda, encontrei-te risonho,  
no rosto a dança de uma manhã clara,  
e no meu peito, a sombra de uma nuvem,  
tranquila, abraçou-me em seu afago.

O que eras em mim desfez-se na bruma,  
mas vi-te seguir, leve como a brisa,  
enquanto o meu silêncio se fez canto.  
Em cada lágrima, um rio sem pressa.

Na tua ausência, descobri-me sereno,  
pois há uma paz que nasce na saudade,  
onde a dor já não fere, só murmura.  
O céu, antes pesado, abriu-se em luz.

E na tua alegria, eu renasci,  
perdi-me para te ver voar,  
e na solidão, achei um novo sol,  
que não queima, apenas acaricia.

Entre o que fui e o que sou,  
há um fio que une, suave,  
a tristeza e a paz, no mesmo olhar.

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