Eu sinto a areia fria nos pés,
o mar à minha frente respira,
chama-me com a voz de quem sabe
que eu pertenço a estas águas.
Não espero,
não preciso do consentimento da praia,
há em mim uma urgência que arde,
que não se acalma em terra firme.
Vou sem medo,
deixo para trás as correntes que prendem,
as correntes que dizem o que devo,
como devo,
mas eu sei o que quero.
O mar não exige explicações,
aceita-me como sou,
com as minhas falhas,
com os meus sonhos que voam
em direções diferentes.
Eu entro,
sinto o frio que desperta,
e cada onda é um abraço que me recebe,
que me diz que posso ser,
posso simplesmente ser,
sem máscaras, sem máscaras.
As mulheres que vieram antes de mim
estão aqui,
sinto-as na espuma que dança,
na força das marés que me guiam,
e eu sou uma delas,
sou todas elas,
sou mulher e mar,
livre,
indomável,
inteira.
(Inspirado no livro "Mulheres que não esperam na praia e querem ir para o mar" de Marta Pais Oliveira)
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