Pára, não me vês aqui,
no chão, coberta de vermelho,
uma tinta quente,
que escorre das feridas
que tu mesmo deixaste.
Mesmo que te ame,
o chão é duro,
e o vermelho é a cor
da dor que se acumula,
como folhas secas,
no inverno do nosso amor.
Cada passo teu,
é um peso a mais,
que afunda a pele
e o meu coração,
como se a terra
fosse uma prisão,
onde eu, já frágil,
me deito,
e espero por um alívio
que não chega.
Pára, porque a tua ausência
é um punhal,
que se volta contra mim,
e eu, no chão,
perdida e em pedaços,
tento juntar o que resta,
mas cada pedaço,
cada gota de vermelho,
é uma cicatriz
que não sara.
Teu olhar não toca
a dor que me consome,
e eu me vejo
como uma mancha
no meio de sombras,
um grito abafado
que se dissolve na dor,
e a ilusão de um amor
que poderia salvar,
se torna um desespero.
Pára, porque o amor
não é suficiente
para cobrir as feridas,
e eu, aqui no chão,
ainda espero
uma visão que me veja,
um toque que possa
remendar o que se perdeu,
entre nós.