Eu guardo mais do que devo,
os dias acumulam-se em gavetas que não abro,
os rostos passam, ficam nas margens da pele,
as palavras caem de mim sem aviso
e eu seguro algumas, as que doem menos,
enquanto o tempo me escapa,
não consigo entender o porquê de tanto vazio,
mas continuo a encher bolsos com sorrisos
e fotografias de momentos que já não sinto.
Ando pelas ruas sem destino,
não há mapa que me salve de mim mesmo,
tudo desliza, perde forma,
eu já não sei o que conta,
mas agarro o riso, o toque, a respiração.
É o que sobra quando o silêncio vem,
não há muito para dizer sobre o que vai embora,
só que as memórias pesam mais que o corpo
e o resto já não importa.
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