Sento-me na cadeira que não me pertence
Os olhos dela deslizam, lentos, nas minhas costas
o couro quente agarra-se à minha pele nua.
Ela faz das suas mãos uma prisão
e eu cedo, com o corpo a pulsar, ao seu toque frio.
A noite pesa nas janelas, mas não falamos de luar.
Ela aproxima-se sem medo de errar.
As unhas dela marcam, cravam-se no músculo
um ensaio de poder nas pontas dos dedos.
Não preciso de gritar, há silêncio que basta.
O quarto veste sombras e o ar fica preso
ela ocupa todo o espaço, um trono e nada mais.
O som das roupas caindo no chão rouba a atenção,
mas ainda não fomos longe o suficiente.
Os lábios dela encontram a pele, e não há revolta.
O desejo é o que sobra depois da queda,
quando as mãos desatam os nós que ela apertou.
E eu, sem medo, aceito essa derrota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário