(Inspirado na poeta Maria Teresa Horta)
Há um corpo que arde em mim,
feito de pele e desejo,
um fogo que cresce nos dedos
quando percorro o silêncio do meu corpo.
Ela, que me habita,
vem como uma tempestade,
suave e selvagem,
como o toque que se prolonga
para lá do limite dos sentidos.
O feminino que me chama
não pede licença,
não se contém,
é a fome que desperta
no sopro morno da madrugada.
Ela faz-se sentir na carne,
na curva do meu próprio corpo,
que se molda à vontade
como quem se rende a si mesmo
sem nunca perder o poder.
Ela toca-me
como se o mundo fosse nada
— e tudo.
Na profundidade do seu olhar,
vejo a mulher que sou,
nua e inteira,
sem o peso do que os outros esperam,
apenas o que quero ser.
Cada suspiro seu
é um eco no meu peito,
onde a força de viver se mistura
com o prazer de sentir.
Há uma suavidade selvagem
no seu toque,
uma força que me dobra,
mas nunca me parte.
Ela vive no meu ventre,
nas coxas que tremem,
nas mãos que pedem,
na alma que exige ser livre.
O feminino dentro de mim
é um grito abafado —
e ainda assim,
é um grito que se faz ouvir.
Ela é tanto o desejo quanto a calma,
o toque ardente
e a brisa que refresca.
Eu sou o seu templo,
o seu altar de silêncio,
onde os segredos são ditos
sem palavras.
E quando me entrego a ela,
sou a mulher que me tornei,
e a que sempre fui —
completamente dona
do meu corpo
e do meu ser.
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