Depois de me oferecer inteiro
como um rio que transborda
a sua margem ao toque do teu olhar,
restaram-me os fragmentos –
pequenos cristais que rasgam
o silêncio entre a tua ausência
e a minha sede.
Depois de desfiar as horas
como quem desfaz um rosário de culpas
para justificar o abismo,
aprendi que o amor
não morre;
estilhaça-se.
Parte-se em gritos mudos
e espalha-se nas sombras
que habitam os cantos do meu corpo.
O calor do teu abraço,
que um dia foi porto,
agora é um eco
guardado nas ruínas da minha pele,
onde ainda tremem versos,
delírios e lamentos,
entretecidos com o teu nome
num fio de desejo eterno.
Depois de tudo,
só restam as cambrias –
esse fundo abissal da alma
onde guardo os pedaços de nós,
e o sal, o sal amargo
que escorre das feridas
que me ensinaram a amar-te
mesmo na distância.
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