não pela vaidade,
mas pela fome de me saber.
Ali, entre reflexos tortos,
há um mar que me olha de volta,
com olhos de sal e memória.
Já fui espuma, já fui rochedo,
já me afoguei nas correntes que criei.
Agora, sou carne que tenta entender
a vastidão de si mesma,
como se pudesse conter o oceano
num gole de ar.
Dizem que o espelho mente,
mas quem mente sou eu,
quando finjo que não vejo
os sismos dentro de mim.
As falhas, as marés,
os gritos que se quebram
nas praias do peito.
Hoje, despir-me é um ato de coragem.
Não da roupa, mas das máscaras
que escondem o que é bruto, o que dói.
Hoje, deixo que o mar invada o espelho
e me leve,
até que eu seja apenas
verdade.