Ela caminha pelo vento,
com passos de marfim,
e o mundo desmorona-se
em gestos e respirações.
As sombras tentam agarrá-la,
mas escorrem entre dedos,
como água nascida hoje,
como fogo que dorme.
Ela não olha para trás,
porque o tempo insiste,
porque as mãos tremem,
porque as palavras quebram.
Há um eco no peito,
uma canção que murmura,
uma dança que nasce,
onde antes só cinzas.
E quando ela para,
o silêncio não pesa,
é como um pássaro
que aprende o voo.
Ela é corpo, é terra,
é verbo, é ferida,
é tudo o que brota
no meio do nada.
Ela não é memória,
ela nunca foi sombra,
mas é a luz crua,
o primeiro raio.
E mesmo caída,
mesmo em estilhaços,
é recomeço sem fim,
é beleza sem nome.
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