Entre Sorrisos e Silêncios


O sorriso pesa como uma máscara,
e as crianças riem sem perceber nada.
Elas puxam-me para dentro da festa,
mas eu fico sempre preso por fora.

Os brinquedos espalhados pelo chão brilham,
e os papéis rasgados são apenas ruídos.
O aroma doce das bolachas invade tudo,
mas não chega a preencher este vazio.

Queria chorar, mas calo-me firme,
não há lugar para lágrimas agora.
Os olhos buscam um canto escondido,
mas só encontro luzes a piscarem rápido.

As mãos oferecem prendas com tremores,
e a voz finge alegria enquanto treme.
Sento-me na cadeira mais distante,
tentando desaparecer no meio do riso.

Os pequenos gritam e correm pela casa,
mas o vazio não os alcança nunca.
A árvore cheia de enfeites parece absurda,
um monumento inútil no meio da ausência.

Penso na voz dele, na risada clara,
no jeito como fazia tudo parecer certo.
E agora o espaço onde ele estava
é um abismo que ninguém sabe nomear.

Mas sorrio, porque preciso fazê-lo,
porque eles precisam acreditar no Natal.
Mesmo que o riso doa em segredo,
e cada abraço seja só uma despedida.

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