Eu sou só noite,
tenho medo do escuro.
A febre arde dentro,
grita como fome escondida.
Oiço o choro abafado,
no canto mais profundo,
onde não chega luz,
nem o cheiro de colo.
Quero mãos quentes,
quero um abraço húmido,
mas o calor queima
como fogueira no peito.
Por que o silêncio fala?
Por que o medo ri?
Há uma sombra gigante
no espelho da alma.
Eu corro sem pés,
mas nunca chego.