Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos,
simplesmente porque era noite
e não dormíamos.
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos,
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto
Um farol de brilho! Sua postagem é perspicaz e bem elaborada. Obrigado por compartilhar sua valiosa perspectiva.
ResponderExcluirBrilho radiante em sua postagem! Esclarecedor, bem articulado e um prazer de ler. Obrigado por compartilhar sua valiosa perspectiva.
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